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Pastores alertam para riscos da descriminalização do consumo de maconha


Usuário de drogas (Foto: Reprodução)



A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de não considerar crime a posse para consumo próprio de até 40 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas de cannabis levou essa discussão a várias esferas da sociedade, inclusive à classe religiosa. Quais impactos a decisão trará para as famílias? Como a Igreja deve se posicionar em relação a isso?

O pastor e teólogo Lourenço Stelio Rega diz que decisão do STF acaba atendendo à mobilização da Hipermodernidade (Pós-modernidade) de entronizar o indivíduo como portador de plena e inquestionável vontade para fazer de sua vida o que bem quiser.

Nesse sentido, vivemos em uma sociedade permissiva, sem normas que possam ser aplicadas de forma ampla; uma sociedade imediatista, sem passado e, muitas vezes, sem futuro, pois as pessoas vivem totalmente no presente e buscam gratificação e bem-estar imediatos, a sobrevivência apenas para hoje. Não há comprovação de que, liberando o consumo de maconha, ainda que em quantidade determinada, venha diminuir a criminalidade”, disse.

Para Rega, esse tipo de discussão não pode ficar nos gabinetes protegidos de juízes, “sem que mães de drogaditos possam dar testemunhos sobre o dilema que é ter um viciado em casa”.

“Essa decisão cuida das consequências dessa sociedade secularizada e permissiva, em vez de tratar causas e dilemas que a cada dia mais tornam a vida complexa e degradante. Mais uma vez, os efeitos são focalizados sem o tratamento das causas. A família tem sido fragilizada e perde suporte para poder cumprir o seu papel”, diz o teólogo.

Para o pastor Evaldo Carlos, presidente da Primeira Igreja Batista da Praia da Costa, em Vila Velha (ES), a decisão do STF afronta o poder Legislativo, visto que, recentemente, o Senado já havia definido que qualquer posse de droga é crime, decisão essa que já se encontra em análise pela Câmara.


“É como se o STF estivesse dizendo que não há necessidade de termos deputados e senadores eleitos pelo povo, pois eles (os ministros do Supremo) são suficientes para legislar, julgar e executar, e ponto”, ressaltou Evaldo.

O pastor enfatizou, ainda, que a decisão não levou em consideração as consequências que essa liberação para o consumo trará para a sociedade. “Penso que a decisão tomada é absurda, pois não mede as consequências que ela poderá trazer. Quem se responsabilizará pelas pessoas que livremente e sem nenhum freio utilizarem essa liberação para cometer toda sorte de ilícitos no meio social?”, questiona.

Evaldo lembra que um controle sobre a venda e o consumo será praticamente impossível. “Quem fará o controle da venda, da comercialização e do consumo da quantidade de maconha determinada pelo STF? O que garante que as pessoas vão utilizar apenas aquilo que foi determinado? Em nenhum lugar no mundo a liberação de maconha ou de qualquer outra droga ilícita trouxe algum tipo de melhora”, alerta.

O pastor Jorge Linhares, presidente da Igreja Batista Getsêmani e do Conselho de Pastores do Estado de Minas Gerais (CPEMG), lembra que as grandes tragédias da vida também começaram de forma “pequena”.

“A liberação da maconha é uma porta aberta para a desgraça. É só perguntar a quem luta para se libertar do vício. Eles começaram com um consumo pequeno e hoje não têm mais forças para conseguirem a libertação. E tem outro agravante: os policiais não têm como andar com a balança, o que deverá demandar um trabalho extra quando poderiam estar utilizando em outra ação”, alerta Linhares.

O pastor também lembra que a maioria dos criminosos, quando relatam seus crimes, falam que fizeram uso de entorpecentes como forma de “criar coragem” para cometer o delito. “É como se liberasse um percentual de bebida alcoólica para poder dirigir, tamanha a gravidade dessa decisão e as consequências que virão”, lamenta.

Na opinião do pastor Helio Carnassale, palestrante e consultor internacional em Liberdade Religiosa e mestre em Ciências da Religião, o cristianismo enxerga o ser humano de uma perspectiva holística, mente, corpo, espírito integrados, ou seja, tudo aquilo que venha a interferir na capacidade mental, como é o caso da maconha, também atingirá o espiritual.

“Sendo assim, não concordo com a liberação da maconha e nem de nada que afeta a saúde física e mental, como a bebida alcoólica, que destrói milhares de pessoas e famílias”, afirma

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