Deputados governistas e de oposição ouvidos pelo AGORA RN exaltaram a atuação das polícias, mas cobraram uma continuidade de ações por parte do Governo do Estado e um trabalho de prevenção, além de medidas de reparação dos danos às pessoas, empresas e municípios atingidos.
Conforme o último balanço divulgado pela Secretaria de Segurança do RN (Sesed) foram efetuadas 284 prisões/apreensões desde o início dos ataques criminosos, que começaram a ser registrados no dia 14 de março. Somente na “Operação Agere pro Viribus”, realizada na última segunda-feira 27 em 14 municípios, foram presos 72 suspeitos de integrar facções envolvidas nos atos criminosos orquestrados na capital potiguar e no interior do Estado.
Além disso, outros 22 suspeitos foram presos na “Operação Normandia”, mais 15 na “Operação Sentinela”, 14 na “Operação Cratos” e outros cinco em uma operação de fiscalização da Secretaria da Administração Penitenciária (Seap) deflagrada entre a noite da segunda-feira 27 e a madrugada desta terça-feira 28, nas zonas Sul e Oeste de Natal.
O deputado estadual José Dias (PSDB) classificou a “Operação Agere pro Viribus” como “numericamente exitosa”. Para ele, a ação significa que o Governo do Estado tem condições de enfrentar o crime organizado de forma efetiva, evitando que os episódios criminosos se repitam. “Quando querem, eles fazem”, disse o tucano.
Ele afirma, no entanto, que o Governo do RN demorou a agir contra as facções criminosas, o que resultou em grandes prejuízos para a população e para a economia do Estado, visto que vários serviços essenciais ficaram paralisados em razão de falta de transporte e de segurança frente à sequência de ataques a ônibus, veículos particulares, prédios públicos, residências, postos de combustíveis, entre outros estabelecimentos privados.
“O prejuízo foi muito grande e foi grande pela incompetência e pela ideologia do Governo. Incompetência indiscutível, porque eu acho que não deram o apoio necessário, fundamental, material para que as polícias agissem com precisão numa primeira hora e a recusa da governadora de pedir socorro das forças armadas, porque para ela, para o PT, para a esquerda, para os comunistas, as Forças Armadas de um país como o Brasil não podem ser utilizadas”, destacou José Dias.
Para o deputado estadual Hermano Morais (PSB) o Governo do Estado deu uma resposta positiva em relação aos ataques violentos que amedrontaram a população nos últimos dias. Ele espera do Executivo estadual a realização de um trabalho contínuo para que uma nova onda de crimes não venha a dominar o Rio Grande do Norte.
“As ações têm acontecido de forma positiva no sentido de restabelecer a ordem e favorecer a sociedade no seu direito de ir e vir. Temos conseguido alguns avanços, mas esperamos que, além dessas ações que estão sendo realizadas para debelar a crise, nós tenhamos continuidade nesse trabalho voltado para a segurança pública”, disse o deputado.
O Governo do Estado foi procurado por meio da Secretaria de Segurança Pública (Sesed) para elencar quais medidas preventivas serão tomadas, a fim de que o Estado não volte a registrar novos ataques criminosos. A secretaria encaminhou as demandas para as polícias Militar e Civil, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.
PREJUÍZOS. O deputado Hermano Morais lamentou os prejuízos para o patrimônio público e para as pessoas físicas e jurídicas decorrentes da onda de crimes que se abateu sobre o Estado. O parlamentar tem cobrado providências do Governo na reparação dos danos aos proprietários.
Hermano destacou também o dano causado à imagem do Rio Grande do Norte, que virou notícia nacional e internacional diante do caos na segurança pública. O parlamentar sugeriu que o Governo do RN faça um trabalho de reposicionamento de imagem, para que as ações causadas pelos criminosos não prejudiquem a longo prazo o turismo, que segundo ele é a principal atividade econômica potiguar.
“Nosso mandato tem reivindicado a reparação dos danos, seja aos municípios atingidos por essa onda criminosa, seja também àqueles empreendedores que são responsáveis pela geração de emprego e renda no Estado e também tiveram prejuízos. Que essas pessoas possam ser auxiliadas pelo governo, seja na questão da prorrogação de impostos, seja na abertura de linhas de créditos especiais para que eles possam se reerguer e dar continuidade à sua luta daqui para a frente”, sugere.
Os prejuízos também foram destacados pelo deputado Coronel Azevedo (PL), parlamentar que fez carreira na Polícia Militar do RN e já foi comandante-geral da PM durante a gestão Robinson Faria (PL). Para ele os ataques e as perdas financeiras poderiam ter sido evitados se a governadora Fátima Bezerra (PT) aceitasse, no início da crise, o apoio das Forças Armadas. Ele atribuiu ainda a onda de ataques registrados Brasil afora à ascensão de “governos de esquerda”.
“Durante o Governo Bolsonaro, houve a maior redução dos crimes no Brasil, tanto os contra o patrimônio, quanto os crimes contra a vida. Também tivemos os recordes nacionais de apreensões de drogas no Brasil com Bolsonaro. O sistema prisional viveu tempos de tranquilidade. Agora, com a volta da esquerda ao poder, o Rio Grande do Norte protagonizou uma série de atentados terroristas, superando episódios anteriores”, pontua Azevedo.
PROVIDÊNCIAS. De acordo com Hermano Morais, um trabalho contínuo na segurança pública passa por investimentos em tecnologia, a fim de otimizar a atuação dos agentes de segurança pública. Além disso ele destaca a necessidade de contratação de mais servidores para a área da segurança, somada à manutenção do controle dos presídios pela Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP).
Já o deputado José Dias destaca, além dos investimentos na área, a necessidade de valorização policial. Ele cobrou do Executivo um “comportamento mais correto” com relação aos agentes de segurança que atuam no RN, principalmente no que se refere às condições de trabalho e ao pagamento de diárias operacionais.
“A polícia tem que ser valorizada sob o ponto de vista de respeito à sua função, tem que ter uma remuneração compatível. Quando o governo autoriza diárias, tem que pagar. Para viajar para a China, a governadora recebeu as diárias previamente, agora o soldado, para ir para uma ação dessas, vai esperar quanto tempo para receber suas diárias? Isso é uma inversão total”, critica José Dias.
O deputado federal General Girão (PL), que também já foi secretário de Segurança do RN na gestão Rosalba Ciarlini, afirmou que a sociedade precisa cobrar dos seus representantes políticos que criminosos permaneçam na cadeia e não sejam beneficiados com o cumprimento temporário da pena. “Uma das alternativas seria tipificar os atos terroristas ocorridos no RN na Lei Antiterrorismo e condenar os autores com penas mais duras e com todo o rigor da lei”, sugere.
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