Segundo correligionários, a ideia original era organizar o evento num dia que remetesse ao numeral da legenda na urna (22).
Inicialmente, a filiação seria em 22 de novembro, mas desentendimentos entre o presidente e Costa Neto adiaram os planos. Como em dezembro a data em questão seria próxima ao Natal, período de recesso em Brasília, optou-se pelo feriado do Dia do Evangélico (30 de novembro).
Festa com temática religiosa
Os detalhes são mantidos em sigilo, mas representantes do PL afirmam nos bastidores que a temática religiosa dará o tom do evento. O Dia do Evangélico é um feriado local, válido apenas no Distrito Federal.
Os evangélicos compõem um grupo político vital ao intento da reeleição na disputa presidencial em 2022. Neste ano, em aceno ao segmento e à sua base política, o presidente indicou a uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) o ex-ministro da Justiça André Mendonça —a quem Bolsonaro chama de “terrivelmente evangélico”.
Grupos de fiéis de igrejas de Brasília teriam sido convidados a participar do evento de filiação, segundo apurou o UOL. O contato teria sido feito por meio de interlocutores da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que é evangélica e participa de movimentos sociais com pano de fundo religioso.
Há a expectativa ainda de que lideranças protestantes, como pastores e bispos, participem da festividade.
Flávio assina com o pai
Bolsonaro assinará a ficha de adesão ao PL ao lado do filho, o senador Flávio Bolsonaro (que está de saída do Patriota-RJ). A mudança de legenda do parlamentar foi confirmada por sua assessoria. A primeira-dama também deve estar presente.
Após a filiação, o presidente deve dar continuidade às entrevistas que tem concedido a rádios e veículos de comunicação de cidades do interior do Brasil, com foco na disputa da reeleição.
Um dos temas que têm pautado as declarações de Bolsonaro é a exaltação aos valores da “família”, da “fé cristã” e da “liberdade” —valores que o partido pretende abordar durante a cerimônia de amanhã.
Tropa bolsonarista
No Congresso, o PL tem se movimentado para atrair o maior número possível de parlamentares fiéis a Bolsonaro. Estima-se que, somente do PSL (partido pelo qual o presidente se elegeu em 2018 e que acabou rompendo no ano seguinte), ocorrerá uma migração de 20 a 30 nomes, segundo afirmou ao UOL um deputado da legenda.
Os cálculos são endossados pelo PL, que vive a expectativa de, alavancado pelo bolsonarismo, formar a maior bancada na Câmara no ano que vem —hoje, o partido é o terceiro, com 43 deputados, atrás do PT (com 53) e do PSL (54).
‘Cereja do bolo’
Uma das condições impostas por Bolsonaro para aderir ao PL foi a indicação de nomes para disputas de governos estaduais, entre os quais São Paulo, Rio de Janeiro e estados do Nordeste. Em SP, o presidente tenta convencer um de seus ministros, Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), a investir na empreitada.
Procurados na sexta-feira (26), membros do PL afirmaram que o convite a Tarcísio foi reforçado durante a última semana, mas que ainda não havia uma resposta. Segundo eles, o entrave momentâneo não seria a opção pela legenda em si, e sim a questão do cargo.
Tarcísio estava disposto a se candidatar a uma vaga no Senado, mas tem sido pressionado a aceitar a oferta para disputar o governo de SP.
Indagado se a decisão ficaria para a última hora, um representante do PL afirmou que tinha tudo para ser a “cereja do bolo”.
Idas e vindas
O “casamento” entre Bolsonaro e PL (forma como o presidente costuma se referir à aliança) ainda nem foi formalizado e já teve idas e vindas, como as arestas que impediram a cerimônia que havia sido marcada para 22 de novembro.
Na ocasião, uma semana antes, Valdemar da Costa Neto foi ao Palácio do Planalto para conversar pessoalmente com o presidente e acertou os detalhes da filiação. O fato foi imediatamente divulgado à imprensa.
Nos dias seguintes, houve um recuo por parte de Bolsonaro, que exigiu mais espaços de poder dentro da legenda (privilégio na indicação de candidatos e veto a costuras regionais entre o PL e partidos de esquerda).
O PL se mexeu internamente e, apesar dos focos de resistência a Bolsonaro —como a oposição do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM)—, decidiu que o chefe do Executivo federal e concorrente à reeleição no ano que vem teria “carta branca”.
Bolsonaro confirmou verbalmente o desfecho do impasse na última quarta-feira (24). “Está tudo certo para ser um casamento que seremos felizes para sempre.”
UOL
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