Milhares de igrejas fechadas e seis pastores presos em Ruanda
Milhares de igrejas foram fechadas em Ruanda desde fevereiro por suposta “poluição sonora” e não cumprimento dos regulamentos sobre construções. E agora Camarões, outro país de maioria cristã, está considerando seguir o exemplo.
O pedido para fechar algumas das igrejas pentecostais de Camarões segue-se a relatório de má conduta de vários pastores.
A repressão contra igrejas em Ruanda coincide com uma revisão da lei que regula as operações de organizações religiosas. Mesquitas também foram afetadas, cerca de 100 foram fechadas.
De acordo com as propostas de emendas que estão sendo discutidas em consultas em todo o país, comunidades religiosas têm que certificar-se de que seus prédios estão dentro dos padrões de infraestrutura, segurança e higiene.
As exigências incluem a necessidade de permissão para funcionar e que o pastor receba treinamento teológico.
Pastores presos
Tanto igrejas quanto mesquitas têm que atender a exigências mínimas em termos de terreno, como por exemplo, ter espaço suficiente para estacionamento.
As dimensões são estabelecidas pelo governo e se aplicam também a prédios nas montanhas do interior do país. Para evitar poluição sonora, as comunidades religiosas também não podem mais funcionar em tendas ou casas.
A BBC informou em fevereiro que algumas das igrejas que haviam sido fechadas tiveram permissão para reabrir após serem aprovadas por inspetores.
Mas seis pastores que protestaram contra os fechamentos foram presos por supostamente realizar “reuniões ilegais com más intenções”.
“Eles são suspeitos de formar grupos ilegais e conduzir reuniões com o objetivo de sabotar ou impedir atividades do governo em curso”, disse um porta-voz da polícia.
Os seis pastores presos foram: Innocent Rugagi, da Igreja do Evangelho da Redenção; Charles Rwandamura, da Igreja Cristã Unida; Fred Nyamurangwa da Igreja Comunidade Pentecostal Livre (CELPAR); James Dura, da Igreja de Ministérios de Cura e Libertação, Emmanuel Shyaka Kalisa e Emmanuel Ntambara. Grupos de direitos humanos criticaram o governo por reprimir a liberdade de expressão e restringir o espaço político.
Outros, no entanto, apoiaram os fechamentos, dizendo que a segurança das pessoas nas igrejas vem em primeiro lugar e que é necessário ter líderes qualificados. “Os esforços do governo para que as igrejas tenham melhor estrutura são bem-vindos”, disse Esron Maniragaba, presidente da Igreja Evangélica Livre de Ruanda e um dos líderes da Aliança Evangélica do país.
Fontes locais contaram à Portas Abertas que “a comunicação com ruandeses é complicada porque todos os e-mails e ligações telefônicas estão sendo monitorados. Ninguém falou abertamente sobre a questão após a prisão dos seis pastores”.
Maioria das igrejas fechadas são pentecostais
Muitas das igrejas fechadas são pequenas igrejas pentecostais, que têm crescido rapidamente em Ruanda e outras partes da África Subsaariana nos últimos anos. Dentre elas, algumas são pequenas congregações que se reúnem em estruturas improvisadas. Enquanto há outras que têm milhares de pessoas frequentando os cultos de domingo. O presidente de Ruanda, Paul Kagame, recentemente questionou por que a capital, Kigali, tinha que ter 700 igrejas. “Temos o mesmo número de fábricas?” interrogou o presidente.
Mas Phil Clark, da Universidade de Londres, disse a um jornal alemão: “O pentecostalismo está crescendo exponencialmente lá. O fechamento das igrejas é muito mais por razões políticas, e sinaliza para as igrejas que elas estão sendo observadas, assim como outras organizações sociais em Ruanda. Eu considero isso como um aviso claro”.
Fonte: Missão Portas Abertas
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