“O Brasil é um país difícil para os ateus”, reclamam incrédulos
Conhecido por ser um dos criadores do grupo Porta dos Fundos, o ator Gregorio Duvivier sempre fez questão de dizer que não acredita em Deus. Para ele, “O Brasil é um país difícil para os ateus porque nós somos uma minoria realmente pequena”. Sua queixa é que muitas vezes não é respeitado por ser incrédulo, pois sempre ouve coisas do tipo “você tem o demônio no corpo.”
Ao mesmo tempo que reclama de sofrer com intolerância, ressalta que faz questão de ridicularizar a religião alheia, em especial os que seguem a Jesus. “Os cristãos têm bancada no Congresso e estão mais bem representados do que qualquer um”, avalia. Logo em seguida, se justifica: “Por isso, não vejo problema nenhum em rir deles, até porque você está rindo, em geral, dos fanáticos, dos falsos profetas”.
Gregorio e suas contradições não são um caso isolado. O fundador da ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos), o engenheiro civil Daniel Sottomayor reclama que no Brasil é difícil promover a aceitação pela sociedade daqueles que “preferem não ter religião”.
Mas quem acompanha a ATEA nas redes sociais sabe que o grupo ateísta mais conhecido do país está sempre ridicularizando quem professa uma crença. Recentemente, fizeram piada com a queda do voo da Chapecoense, onde estavam muitos jogadores evangélicos, e acabaram apagando a postagem devido à alta rejeição, inclusive de muitos ateus que seguem a página.
A inconsistência no discurso dos ateus militantes no Brasil é bastante conhecida, muito semelhante aos que defendem ideais de esquerda. Ou seja, eles podem criticar a todos, mas não podem ser criticados por suas posturas que já reclamam de intolerância.
Segundo uma pesquisa divulgada pelo Datafolha no final de 2016, 1% da população é ateu. O Instituto ouviu 2.828 maiores de 16 anos em 174 municípios. Assegura que o nível de confiança do levantamento é de 95%. Se isso for verdade, são mais de dois milhões de brasileiros que não creem em Deus.
Para efeitos de comparação, no último censo, em 2010, os ateus e agnósticos somavam apenas 740.000 de uma população de 190 milhões de pessoas (0,39%).
Essa tendência de crescimento foi apontada em outras pesquisas. Um levantamento com membros da chamada geração Y – com idades entre 18 e 34 anos – mostra que haveria mais jovens ateus no Brasil que evangélicos. Entre os participantes da entrevista, 34,3% disseram ser católicos, 19,3% se afirmaram como ateus, 14,9% como evangélicos, 9,4 % como espiritualistas, 6,7% disseram que têm fé sem religião e 6,2% são agnósticos.
O aumento no número de ateus, segundo o UOL, ocorre em grande parte por causa da internet, utilizada por eles para defender sua posição e muitas vezes atacar quem pensa diferente.
A designer Priscilla Bittencourt, de Manaus se declara agnóstica/ateia há mais de dez anos. Revela que participa de muitas discussões nas redes sociais e diz que procura usar a internet para influenciar as pessoas. “Vejo um movimento forte na internet”, aponta. “Muito do que sei hoje é graças a divulgadores, documentários, vlogueiros, blogueiros, pesquisa e leitura de artigos, livros e palestras.”
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