INTRODUÇÃOConforme
temos estudado ao longo das primeiras lições, o casamento cristão está
fundamentado na Bíblia, a Palavra de Deus. Na aula de hoje trataremos,
especificamente, a respeito das bases que sustentam o casamento. A
primeira delas é a graça, o favor imerecido, a disposição de aceitar o
outro, com suas diferenças e particularidades. E não com menor
importância, o amor que se sacrifica, que não busca apenas os
interesses individuais.
1. O CASAMENTO CRISTÃOExiste
muito idealismo em relação ao casamento, até mesmo entre os cristãos,
na maioria das vezes isso se concretiza em um romantismo exacerbado,
que, ao invés de ajudar, atrapalha a relação conjugal. O casamento
cristão é a união de duas pessoas, um homem e uma mulher, que não são
perfeitas, por isso, precisam administrar cada situação, principalmente
as mais adversas. Não podemos esquecer que existe uma propensão à
carnalidade no ser humano, tanto no homem quanto na mulher (Gl. 5.17),
por isso, ambos carecem de arrependimento, e sobretudo, das orientações
do Senhor Jesus (Lc. 5.31,32). O casamento cristão, que está pautado em
Cristo, busca, na Bíblia, e não nos padrões midiáticos, seu alicerce de
sustentação (Jo. 14.6). Em Ef. 5, Paulo destaca que Cristo é a
referência, não a sociedade, para as atitudes no casamento. As esposas
devem submeter-se ao marido, “como ao Senhor” (v. 22). Os maridos, por
sua vez, devem amar a esposa “como também Cristo amou a igreja e a si
mesmo se entregou por ela” (v. 25). Os maridos devem cuidar de sua
esposa “como também Cristo o faz com a igreja” (v. 29). Em todas as
circunstâncias, devemos considerar que se trata de um mistério, que
está diretamente relacionado a Cristo e à igreja (v. 32). É um equívoco
da nossa sociedade tentar fundamentar o casamento no sexo e no
romantismo. Mesmo na igreja muitos cristãos foram contagiados por essa
tendência. Evidentemente o sexo é necessário, e importante dentro do
matrimonio (Hb. 13.4), mas não é uma base para o casamento. As pessoas
envelhecem, a beleza física se esvai, o fervor sexual arrefece. O
romantismo não deve ser desconsiderado, as palavras afáveis contribuem
para o crescimento conjugal, mas nem só de romantismo vive o casamento.
As pessoas podem perder o bom humor de vez em quando, principalmente
nos momentos difíceis, quando filhos adoecem, e as contas chegam à
caixa do correio. O casamento cristão é composto por um casal de
pessoas pecadoras, uns mais ou menos espirituais, que são desafiados a
permanecerem juntas, até que a morte as separe (I Tm. 1.15, 16).
2. SEM GRAÇA, É UMA DESGRAÇADiante
das adversidades, o casamento precisa de graça, caso contrário,
permitam-me o trocadilho, se transformará em uma desgraça. Quanto mais
espirituais forem os cônjuges, maior será a propensão de andarem no
Espírito, de não satisfazerem as concupiscências da carne (Gl. 5.17).
Um casamento centrado apenas no eu, nos interesses individuais de
apenas um dos cônjuges, resulta em sofrimento para o outro. Há uma
tendência, alimentada pela mídia, de fazer com que as pessoas passem a
vida inteira procurando uma alma gêmea. Por causa disso, muitos
casamentos se desfazem, pessoas passam a vida inteira na busca pelo
príncipe encantado. Essas pessoas que querem encontrar uma alma gêmea
põem o foco demasiado em seus desejos, entram nas relações querendo
sempre autossatisfação, que resulta em frustração (Tg. 4.1-3). Essa é
uma tendência da natureza caída, que fará de tudo para minar o
casamento, já que tem o egocentrismo como base. Se essa lei do pecado
não for controlado pelo Espírito, a vida conjugal poderá ser arruinada
(Rm. 7.21-23). Ao invés de sempre querer julgar o outro, o cristão deve
antes olhar para si mesmo (Mt. 7.4,5). Muitos maridos e esposas
encontram facilmente defeitos nos seus cônjuges, mas têm dificuldade de
fazer o mesmo quando olham para eles mesmos. É bom lembrar que não
conhecemos os outros, nem mesmo a nós mesmos em completude, apenas em
parte (I Co. 13.12). Por isso, ao invés de julgar o outro, precisamos
aprender antes a nos avaliar, isso porque se julgássemos a nós mesmos
não seríamos julgados, mas quando somos julgados pelo Senhor, é para
não sermos condenados com o mundo (I Co. 11.32). Quando abordado pelo
Senhor, Adão quis, imediatamente, colocar a culpa sobre a sua esposa,
fugiu da sua responsabilidade pela desobediência (Gn. 3.12). Davi
precisou de um Natã para reconhecer o seu pecado e se voltar para o
Senhor (II Sm. 12.13). Portanto, o casamento cristão deve basear-se na
graça – charis em grego – que é um favor imerecido. Fomos alcançados
pela graça e misericórdia de Deus, por isso devemos agir de igual modo
em relação ao nosso cônjuge (Lc. 6.36; Tt. 2.11-14). Jesus
compadeceu-se das nossas fraquezas, por isso devemos fazer o mesmo (Hb.
4.15), e lembrar que a misericórdia poderá triunfar sobre o julgamento
(Tg. 2.13). Para o bem do casamento, todo cristão deve fortificar-se na
graça que está em Cristo Jesus (II Tm. 2.1).
3. NÃO SÓ COM PALAVRAS, MAS COM AMOR SACRIFICIALA
supervalorização do sexo na sociedade contemporânea tem causado muitos
males ao casamento. O sexo foi criado por Deus, não apenas para
reprodução, mas também para o prazer. O problema é que ele tem sido
usado indiscriminadamente, e às vezes, confundido com amor. A expressão
“fazer amor” tornou-se sinônima de fazer sexo, ainda que fora dos
padrões bíblicos. Deus criou o sexo para a realização dos casais, e
este é por ele estimulado (I Co. 7.1-5), mas ninguém deve basear o
casamento exclusivamente no sexo. A palavra-chave do casamento, e o seu
principal fundamento, é o amor. Isso não diz respeito a qualquer tipo
de amor, mas ao agape – o amor sacrificial. Um casamento somente
alcançará maturidade quando os cônjuges dependerem menos do eros – o
sexo, e mais do agape – o amor desinteressado. É o amor agape que
supera as incompatibilidades, pois, definitivamente, o casamento é uma
composição de pessoas incompatíveis, ainda que essas possam ser
atenuadas se os jovens forem sábios antes da decisão de dizer “sim”
(Gn. 24). As imperfeições ficam evidentes antes mesmo da celebração do
casamento. Aqueles que dizem “sim” devem estar cientes que precisam
fazer concessões. E para ser mais realista, dificilmente as mudanças
acontecerão de forma significativa depois do casamento. Por isso, como
se costuma dizer aos jovens, “abram bem os olhos antes do casamento,
mas feche-os um pouco depois de casados”. Isso porque o casamento é um
pacto de sujeição, de disposição para viver não para si mesmo, mas para
o outro (Ef. 5.22-25). Jesus é o maior exemplo, tendo em vista que não
agradou a Si mesmo (Rm. 15.2,3). O casamento é plano de Deus, e um
glorioso ministério, mas o alvo central não é a busca da felicidade. A
meta do casamento não é a felicidade, ainda que essa, de uma maneira
misteriosa, possa ser encontrada, mesmo na adversidade. O casamento é
um ambiente de amor, no qual atitudes de paciência, benignidade,
sacrifício, entrega e perdão são manifestas, elementos do fruto do
Espírito (Gl. 5.21,22; I Co. 13.4,5). Dizer que se ama não é difícil, e
mostrar interesses pelos outros para “fazer amor” também, mas a base
cristã para o casamento é o amor-agape, que não se revela apenas em
palavras, mas, sobretudo, em obras e em verdade (I Jo. 3.18).
CONCLUSÃOO
casamento cristão é um mistério, tão sublime como a relação entre
Cristo e a Igreja, cujo fundamento é a graça e o amor. Como cristãos,
não podemos nos deixar influenciar pelos valores que tentam sustentar o
casamento, tais como o individualismo romântico e a sexualidade
descompromissada. Um casamento genuinamente cristão aceita o cônjuge
com as suas diferenças, e está disposto a sacrificar-se pelo outro,
assim como Cristo amou e se entregou a Sua Igreja.
BIBLIOGRAFIAHARVEY, D. Quando pecadores dizem “sim”. São Paulo: Fiel, 2011.
KELLER, T., KELLER, K. O significado do casamento. São Paulo: Vida Nova, 2012.
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