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PP negocia com opositores de Bolsonaro em pelo menos sete estados para 2022








Ao escolher Ciro Nogueira para comandar a Casa Civil, o presidente Jair Bolsonaro pode ter criado uma saia justa para si mesmo em 2022. Se, por um lado, o novo ministro se tornou o fiador e articulador político do governo junto ao Congresso, de outro, é uma das principais lideranças do PP, partido do Centrão focado em seus próprios interesses eleitorais. Em pelo menos sete estados, há a possibilidade real de a sigla apoiar nomes críticos ao presidente da República, sendo que em três deles deve estar com seu principal adversário: Luiz Inácio Lula da Silva.

As possibilidades de “traições” se concentram principalmente no Nordeste, onde o presidente enfrenta os menores índices de aprovação ao governo federal e, historicamente, Lula é mais competitivo. Em seis das nove unidades da federação daquela região, há chances de Bolsonaro estar num palanque diferente do PP ou, a depender do cenário, ter que dividi-los com concorrentes diretos na corrida pelo Palácio do Planalto.

Ironicamente, este é o caso do Piauí, terra de Ciro Nogueira, que por anos a fio foi aliado de primeira hora do PT de Lula. Seu plano inicial é disputar a eleição para governador contra o candidato da situação, que será lançado pelo atual chefe do Executivo estadual, Wellington Dias (PT). O presidente do PP local, Julio Arcoverde, porém, tem dito que seu correligionário deve permanecer na Casa Civil.

— É um consenso que o ministro Ciro ficará no ministério. Eu comungo da ideia de que não podemos definir o candidato no próximo ano. Tem que ser neste ano, a gente tem que virar em janeiro já com a chapa montada, com o candidato na rua, é só completar com as defecções que teremos na base — justificou Arcoverde em entrevista ao “Portal O DIA”.

Nesse contexto, a tendência é que a legenda apoie Silvio Mendes, do PSDB. Os tucanos, entretanto, devem lançar candidatura própria à Presidência da República — o governador de São Paulo e desafeto de Bolsonaro, João Doria, é o favorito — e certamente contam com o palanque de Mendes no Piauí.
Adversários ferrenhos

Em outros redutos, o PP deve manter a parceria eleitoral com adversários ferrenhos do presidente: a aliança com o grupo de Flávio Dino (PSB), governador do Maranhão, já está quase certa. O partido ainda faz parte da base aliada de dois petistas da região: Camilo Santana, no Ceará, e Rui Costa, na Bahia. Nessas três unidades da federação, mais do que estar distante de Bolsonaro, a legenda do ministro da Casa Civil tem tudo para fechar com Lula. Também tende a se opor ao presidente em Pernambuco, onde apoiou o governador Paulo Câmara (PSB) nas últimas eleições e, possivelmente, em Sergipe, estado cujo mandatário, Belivaldo Chagas (PSD), venceu com o apoio de siglas de esquerda, entre elas o PT.

Em São Paulo, maior estado do país, mais problemas: atualmente, o PP conversa com Rodrigo Garcia (PSDB), nome apoiado por Doria. Mesmo que essa negociação não avance, o plano B seria a candidatura de Geraldo Alckmin, que deve deixar o PSDB e está conversando com PSB e PSD, siglas distantes de Bolsonaro.

Nas últimas eleições, o PP fortaleceu o projeto de adversários de Bolsonaro em diversos estados. No plano nacional, a legenda compôs com o então candidato do PSDB ao Planalto, Geraldo Alckmin, e indicou a ex-senadora Ana Amélia como vice da chapa tucana. Com a lupa virada para as disputas regionais naquela ocasião, viu-se o partido de Ciro Nogueira apoiar o governador Rui Costa, do PT, na vitoriosa eleição ao governo da Bahia.

A situação de 2022 se torna ainda mais curiosa porque Nogueira não apenas ocupa um espaço de destaque no governo federal, mas integra o núcleo duro da chamada ala política dos auxiliares de Jair Bolsonaro. Desde a redemocratização, a Casa Civil costuma ser tratada como um cargo de estrita confiança do presidente da República, quase inalcançável às negociações partidárias.

Agora RN

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